Por Eduarda Schuh, Jornalista e Assistente de Auditoria no Fórum Animal.
Compromissos públicos com a causa animal são acordos entre a sociedade civil e instituições que se comprometem com ações em benefício da vida animal. Esses compromissos são estabelecidos a partir do trabalho da sociedade civil organizada, majoritariamente de ONGs, para exigir iniciativas de organizações que exercem atividades que impactam na vida animal.
Empresas privadas são os principais atores dos compromissos públicos, que são firmados a partir do reconhecimento da influência das instituições sobre a vida animal e da proposição de ações para reduzir danos das práticas produtivas. Ainda que esses acordos não garantam a abolição da exploração, são uma forma de estimular a sociedade a pensar os direitos animais e modificar práticas de produção e consumo, o que diminui o sofrimento animal.
Por meio do trabalho das ONGs, as empresas têm a oportunidade de firmar compromissos públicos para modificarem suas políticas e práticas que interferem na vida animal. As instituições instauram o compromisso por meio de uma declaração pública de posicionamento e intenções práticas em relação aos direitos e bem-estar dos animais. As iniciativas surgem em diferentes etapas do processo produtivo, exemplo disso é a criação de galinhas livres de gaiolas (por parte da indústria) e a adesão da utilização ou da venda exclusiva de ovos de galinhas livres/cage-free (por parte do comércio).
No Brasil, os tratados entre as organizações e as empresas buscam estabelecer políticas explícitas relacionadas ao tratamento de animais na cadeia de suprimentos da empresa. O desenvolvimento da proposta deve ter diretrizes e objetivos claros e, se envolver um período de transição, deve estabelecer um prazo para concluir o compromisso.
Além dos compromissos firmados com organizações, como forma de contribuir com a causa animal, as empresas também podem definir ações voluntárias apoiando organizações de proteção animal ou o financiamento de pesquisas e projetos que visem melhorar a vida dos animais. Entretanto, essas práticas são espontâneas das instituições e não se tratam do modelo de compromisso público proposto pelas ONGs.
O Fórum Animal realiza o trabalho de propor e acompanhar os compromissos de empresas nos projetos Mira, EggLab e Brasil Sem Gaiolas. Neles, trabalhamos para propor e auditar compromissos com empresas da indústria e do comércio, em benefício da vida livre — fora de gaiolas — de porcos e galinhas. Os três projetos se conectam de forma complementar. O Brasil Sem Gaiolas propõe os compromissos às empresas, o Mira capacita novos produtores e mapeia os fornecedores de ovos de galinhas livres e a EggLab acompanha as empresas no cumprimento do compromisso.
Para ilustrar o funcionamento dos compromissos públicos, enviamos perguntas a duas empresas que são acompanhadas pelo Fórum Animal, entre elas, uma representante da indústria, a Aurora Coop, e uma representante do varejo, o Grupo Pão de Açúcar. Abaixo estão as perguntas feitas pelo Fórum Animal e as respectivas respostas das empresas:
Fórum Animal: Qual é a trajetória do GPA com compromissos com a causa animal? Quando começou e com quais causas vocês contribuem?
Grupo Pão de Açúcar (GPA): O GPA foi o primeiro varejista alimentar brasileiro a firmar, em 2017, um compromisso pelo bem-estar animal na cadeia de produção de ovos, quando foi estipulado que viabilizaria, até 2025, a comercialização de 100% de ovos de Marcas Próprias provenientes de criação de galinhas sem gaiolas. No mesmo ano, foi o primeiro varejista a lançar, em suas Marcas Próprias, uma linha de ovos de galinhas livres de gaiolas. Desde então, aprimoramos nosso trabalho no tema, estabelecendo algumas frentes de atuação como: desenvolvimento de fornecedores, atuação junto aos demais atores da cadeia, conscientização de consumidores e abastecimento de lojas. Por toda essa evolução, expandimos nosso compromisso para todas as demais marcas comercializadas. Em 2020, ampliamos nossos compromissos abrangendo todos os ovos vendidos em nossas lojas e também as cadeias de frangos de corte, bovinos e suínos. Em 2021, publicamos a Política de Bem-Estar Animal que possui como objetivo principal apresentar o posicionamento e compromisso do GPA em relação ao respeito aos animais e estabelecer diretrizes para toda a sua operação, envolvendo todos os fornecedores e colaboradores.
Conheça nossa Política de Bem-Estar Animal: https://www.gpabr.com/wp-content/uploads/2021/08/Pol%C3%ADtica-de-Bem-estar-Animal-do-GPA.pdf
Fórum Animal: Vocês incentivam que o público e outras empresas mudem a forma de consumo e de produção? Por quê?
Grupo Pão de Açúcar (GPA): Temos como propósito oferecer aos clientes os melhores produtos e serviços em nossas lojas, dessa forma, trabalhamos para construir uma cadeia produtiva mais sustentável, por meio do engajamento e desenvolvimento contínuo de nossos fornecedores, do monitoramento e controle de processos e práticas, e da comunicação para o consumo consciente com o respeito ao bem-estar animal, o meio ambiente e a pessoas.
Estimulamos que nossos clientes escolham ovos com atributos de bem-estar animal mantendo uma comunicação constante por meio de placas didáticas que explicam os diferentes tipos de ovos e suas vantagens, além de campanhas promocionais. Nossas Marcas Próprias foram pioneiras em comunicar, de forma simples e didática, as diferenças dos tipos de ovos em suas embalagens.
Trabalhamos no desenvolvimento de nossos fornecedores para que haja um relacionamento pautado por condutas éticas alinhados com às melhores práticas ambientais e sociais, estabelecendo um diálogo aberto e transparente sobre os compromissos do GPA, desafios e avanços. Além disso, é uma oportunidade para fornecer orientações sobre as práticas de produção animal que contemple critérios de bem-estar animal.
Fórum Animal: Quais são as maiores dificuldades para cumprir com os compromissos no contexto do GPA e como elas são superadas?
Grupo Pão de Açúcar (GPA): Uma das principais dificuldades é garantir que todos os envolvidos na cadeia de suprimentos tenham conhecimento adequado e conscientização sobre as práticas de bem-estar animal, para isso investimos em integrações a fim de estabelecer um diálogo aberto para incentivá-los a adotar mudanças em seus sistemas de produção para melhores práticas de bem-estar animal. Porém, uma das dificuldades vinculadas ao tema, essas mudanças podem refletir em custos para o produtor, causando um aumento do valor final do produto.
Além disso, muitos fornecedores ainda não conseguem atender à alta demanda de produtos com critérios de bem-estar animal, como ovos de galinhas livres de gaiola, produzindo em quase sua totalidade ovos brancos padrão. Por isso, trabalhamos também em colaboração com parceiros de organizações não governamentais e especialistas da academia para que novas tecnologias e soluções sejam disseminadas para os nossos fornecedores evoluírem na transação do tipo de produção.
Fórum Animal: O GPA percebe que os compromissos assumidos trouxeram benefícios para o grupo? Se sim, quais são?
Grupo Pão de Açúcar (GPA): Sim, nossos consumidores estão cada vez mais preocupados e conscientes sobre o bem-estar animal na cadeia produtiva e tendem a preferir produtos que atendam esses critérios. Acompanhamos a venda crescente de ovos de galinhas livres de gaiola com um aumento de 20% em 2018, quando começamos a trabalhar com esse tema, para 51% em 2022 dos ovos de Marcas Próprias.
Além disso, apresentarmos compromissos sobre o bem-estar animal é um diferencial no mercado através da construção de uma imagem positiva da marca. Ao adotar essas práticas, contribuímos para a redução do impacto ambiental e social negativo da produção animal em larga escala, alinhando-se a um movimento global em direção à sustentabilidade e responsabilidade corporativa.
Fórum Animal: Qual é a concepção que a empresa tem quanto aos direitos animais e sobre a necessidade da sociedade atentar-se a essa pauta?
Grupo Pão de Açúcar (GPA): Ciente da crescente conscientização da sociedade sobre os direitos dos animais e a importância de práticas ligadas ao tema bem-estar animal, o GPA reconhece que os animais são seres sencientes. Desse modo, não admitimos ações e atitudes que promovam os maus tratos e o sofrimento dos animais em qualquer fase do processo produtivo.
Nossos compromissos estão orientados pelas cinco liberdades dos animais reconhecidas mundialmente e definidas pela Farm Animal Welfare Comittee (FAWC). Buscamos estabelecer uma governança sólida e uma gestão transparente para toda a sociedade, além do comprometimento público da Política, entendemos a importância de compartilhar os nossos avanços, desafios e conquistas em relação ao progresso do tema bem-estar animal.
Fórum Animal: No ano de 2021 o DataFolha conduziu uma pesquisa que identificou que 88% dos respondentes se importam em algum grau com o bem-estar animal (BEA). A sua empresa consegue perceber essa movimentação (de preferência a produtos com BEA) nos negócios de vocês?
Grupo Pão de Açúcar (GPA): Sim, conforme comentamos anteriormente, acompanhamos ano a ano o aumento das vendas de ovos de galinhas livres de gaiola, onde, em 2022, alcançamos mais de 60% de representatividade na marca Pão de Açúcar.
O GPA possui o compromisso de relatar publicamente os planos de implementação e relatórios de progresso sobre o tema através do nosso Relatório Anual de Sustentabilidade, zelando pela transparência junto aos nossos clientes e demais stakeholders.
Conheça nosso Relatório Anual e de Sustentabilidade 2022: https://www.gpabr.com/wp-content/uploads/2023/06/Relatorio-Anual-e-de-Sustentabilidade-GPA-2022.pdf
Fórum Animal: Além do que é feito hoje, a empresa está interessada em maximizar a atuação em BEA com outras espécies de animais?
Grupo Pão de Açúcar (GPA): O GPA reconhece que a atuação no tema de bem-estar animal é um processo de evolução contínua. Após a publicação do compromisso sobre ovos de galinhas livres de gaiola para Marcas Exclusivas realizado em 2017, em 2020 ampliamos nossos compromissos abrangendo todos os ovos vendidos em nossas lojas e também para cadeias de frangos de corte, bovinos de corte e suínos, onde 100% da carne suína (todas as marcas) e carne de frango (Marcas Exclusivas) vendidas em nossas lojas serão provenientes, até 2028, de fornecedores que contemplam o bem-estar animal em sua cadeia de produção e para a carne bovina, 100% dos fornecedores devem estar publicamente comprometidos, até 2025, com critérios de bem-estar animal. Desde então, trabalhamos em treinamentos e engajamentos com nossos fornecedores para possibilitar o atingimento dos compromissos. Como exemplo, entre 2021 e 2022, publicamos uma Cartilha Orientativa de Biosseguridade e Bem-Estar Animal, que construímos em parceria com a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), onde são abordados todos os pontos técnicos dos nossos compromissos de bem-estar animal e temas como biosseguridade e gestão socioambiental.
Entrevista com a Aurora Coop:
Fórum Animal: Qual é a trajetória da Aurora com compromissos com a causa animal? Quando começou e com quais causas vocês contribuem?
Aurora Coop: A Aurora Coop foi pioneira nas ações referentes ao bem-estar dos animais de produção. Em 2008, iniciou voluntariamente com os Treinamentos de Abate Humanitário – STEPS, na época fornecidos exclusivamente pela Ong WSPA (Sociedade Mundial de Proteção Animal) hoje WAP (Organização Mundial de Proteção Animal). Ainda, no mesmo ano foi criado o Programa de Bem-Estar Animal da Aurora Coop, o qual monitora e aperfeiçoa todas as etapas da cadeia produtiva, desde a criação, alimentação, alojamento, transporte e abate dos animais, além de minimizar as perdas nos processos de produção, contribuindo com os compromissos de sustentabilidade da Cooperativa.
A cooperativa contribui com políticas que melhoram os manejos da produção animal, como os sistemas livres de gaiolas. Nestas políticas a Cooperativa firmou compromisso público em 2015 para atingir 100% da transição para o sistema de gestação coletiva até 2026 e, em 2017, para o sistema Cage-Free para galinhas poedeiras atingiu 100% da transição em 2020.
Concomitante a estes compromissos, a Aurora Coop está em constante estudo para a evolução de seus sistemas produtivos, para proporcionar a adoção de melhores práticas de bem-estar animal, garantindo o fornecimento de um alimento que atenda as expectativas do consumidor em relação a qualidade e ética do produto final.
Fórum Animal: Vocês incentivam que o público e outras empresas mudem a forma de consumo e de produção? Por quê?
Aurora Coop: Acreditamos e incentivamos nosso público, principalmente clientes, fornecedores, colaboradores e consumidores em geral que a Cooperativa Aurora tem por missão “fornecer alimentos de excelência, despertando a prosperidade no campo e na cidade”. A Cooperativa acredita na qualidade, na ética e na sustentabilidade como premissas básicas para o desenvolvimento do bem-estar animal, do bem-estar humano e do equilíbrio com o meio ambiente. Prova disso é o reconhecimento da Cooperativa no ano de 2022, com o VI PRÊMIO QUEM É QUEM: MAIORES E MELHORES COOPERATIVAS BRASILEIRAS DE AVES E SUÍNOS na categoria Bem-Estar Animal, onde conquistamos o almejado troféu. Além desta importante premiação, nos destacamos em políticas e programas ambientais, como o Programa Propriedade Rural Sustentável Aurora, premiado na categoria Governança no ano de 2022 no PRÊMIO ESG ADVB/SC 2022, Programa Coleta Segura, Programa de Redução e Otimização do Uso de Embalagens e Logística Reversa de Embalagens Pós-Consumo. Ainda, é importante destacar o PRÊMIO FRITZ MÜLLER 2022, no qual a Cooperativa se destacou com a premiação na Categoria Controle da Poluição, pelo uso de veículos elétricos, promovido pelo Governo de Santa Catarina, por meio do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA).
Fórum Animal: Quais são as maiores dificuldades para cumprir com os compromissos no contexto da Aurora e como elas são superadas?
Aurora Coop: Atualmente, enfrentamos grandes desafios para agilizar o cumprimento de nossos compromissos, principalmente devido à escassez de subsídios financeiros, em especial os incentivos fiscais para investimentos. O aumento expressivo nos custos de materiais e insumos tem encarecido significativamente o ciclo de produção, impactando diretamente as margens de lucro do negócio, especialmente em relação a reformas e novas construções. Estamos nos adaptando e superando essas dificuldades por meio de um intenso trabalho em todo o nosso sistema produtivo. Estabelecemos planos de ação e definimos prazos alcançáveis para implementar os ajustes necessários em toda a cadeia produtiva. Nossos esforços constantes para realizar esses ajustes envolvem diretamente nossos produtores rurais, que são o elo principal da nossa cadeia de suprimentos. São eles os responsáveis por executar as ações propostas e, principalmente, arcar com todos os custos de implantação dessas melhorias. Cada nova adaptação, reforma ou construção passa por um amplo estudo de seus impactos. Afinal, a Aurora Coop é uma Cooperativa Central composta por outras 11 cooperativas filiadas, e temos os produtores rurais como o cerne de todas as decisões, inclusive as tomadas pela alta diretoria.
Fórum Animal: A Aurora percebe que os compromissos assumidos trouxeram benefícios para a empresa? Se sim, quais são?
Aurora Coop: Os principais benefícios da implementação e manutenção desses compromissos é com a qualidade de vida dos nossos animais, desde as construções e adaptações das granjas até o momento do abate, resultado este que pode ser evidenciado na qualidade dos produtos da Aurora. E aqui, é importante mencionar o trabalho do produtor rural, que é o responsável por executar todas as ações dos compromissos assumidos, juntamente com nossa equipe técnica que é altamente qualificada e está em constante treinamento, para fornecer a melhor assistência técnica. Ainda, é sabido que animais criados com condições de manejo adequados com estruturas que valorizam e promovem o seu bem-estar fornecem proteína de melhor qualidade e com excelentes índices zootécnicos, além de promover a satisfação de nossos colaboradores, fornecedores, produtores rurais e o público em geral.
Fórum Animal: Qual é a concepção que a empresa tem quanto aos direitos dos animais e sobre a necessidade de a sociedade atentar-se a essa pauta?
Aurora Coop: Primeiramente, é prudente que discorramos sobre a diferença entre bem-estar animal e direito dos animais, que são conceitos distintos, embora estejam relacionados. Enquanto o bem-estar animal se refere às condições físicas e mentais dos animais com enfoque na sua qualidade de vida, evitando sofrimento desnecessário e garantindo que tenham uma vida digna, com acesso à alimentação adequada, abrigo e cuidados veterinários, o direito dos animais por outro lado são uma perspectiva ética e filosófica, que defende que os animais têm direito intrínseco à vida. Essa visão considera os animais como sujeitos de direito e argumenta que eles não devem ser utilizados para fins humanos, e aqui podemos citar o uso para a alimentação. Ambos os conceitos buscam promover uma relação mais compassiva e respeitosa entre os seres humanos e animais, porém, com abordagens distintas. E a Aurora Coop tem a concepção de que os direitos dos animais são de extrema importância, enquanto cooperativa fornecedora de alimentos. Reconhecemos a necessidade de promover e garantir o bem-estar animal em todas as etapas do processo de produção. Acreditamos que os animais devem ser tratados com respeito, dignidade e cuidado. Além disso, entendemos que a sociedade está cada vez mais atenta à questão dos direitos dos animais. Diante disso, é fundamental estarmos alinhados com essa preocupação crescente e adotar práticas sustentáveis e éticas. Estamos comprometidos em implementar medidas que promovam o bem-estar animal, respeitem as normas regulatórias e atendam às expectativas da sociedade em relação a essa pauta.
Fórum Animal: No ano de 2021 o DataFolha conduziu uma pesquisa que identificou que 88% dos respondentes se importam em algum grau com o bem-estar animal (BEA). A sua empresa consegue perceber essa movimentação (de preferência a produtos com BEA) nos negócios de vocês?
Aurora Coop: Compreendemos e valorizamos a preferência e a preocupação do mercado consumidor em relação ao bem-estar animal, abrangendo todas as fases da criação dos animais, desde o nascimento até o abate. No entanto, enfrentamos desafios significativos em relação aos custos de produção necessários para atender às certificações. Tanto no mercado interno quanto no mercado externo, não existe uma diferenciação clara que reconheça o valor agregado ao produto. Todas as despesas relacionadas à adaptação do sistema de produção recaem sobre o produtor rural. Quando não há um retorno financeiro que justifique o investimento, arcar com esses custos adicionais torna-se oneroso e pode levar ao abandono da atividade ou até mesmo ao endividamento das famílias rurais. Existe uma forte pressão por adaptação para se manter ativo no agronegócio. É importante ressaltar que muitas famílias no campo dependem exclusivamente da renda proveniente da produção de suínos, aves e leite, principalmente no estado de Santa Catarina, onde predominam pequenos e médios produtores rurais que estão inseridos no sistema cooperativista ou atuam por meio de integração com empresas privadas. Diante desse cenário, é fundamental buscar soluções que promovam a sustentabilidade econômica e social para os produtores rurais. Incentivos financeiros, programas de apoio governamental e parcerias entre os setores público e privado podem desempenhar um papel crucial na viabilização das práticas de bem-estar animal, garantindo que os produtores não sejam sobrecarregados com todos os custos associados à implementação dessas melhorias. Dessa forma, será possível conciliar as demandas do mercado consumidor com a viabilidade econômica e o bem-estar dos animais, beneficiando toda a cadeia produtiva. E, diante do exposto, a Cooperativa já está estudando e avaliando as
certificações de Bem-Estar Animal que melhor se encaixam com a nossa realidade produtiva e com o propósito da Aurora Coop.
Fórum Animal: Além do que é feito hoje, a empresa está interessada em maximizar a atuação em BEA com outras espécies de animais?
Aurora Coop: A Cooperativa está firmemente comprometida com o bem-estar de todos os animais, reconhecendo que essa preocupação não pode ser limitada a algumas espécies específicas. Nós valorizamos e buscamos garantir e promover a qualidade de vida de todos os animais envolvidos em nossos sistemas de produção. Como parte desse compromisso, a Cooperativa investe anualmente em programas ambientais que englobam os produtores rurais, visando a melhoria contínua e a conscientização sobre a importância do bem-estar animal. Um exemplo notável é o Programa Propriedade Rural Sustentável Aurora (PRSA), que se tornou uma referência nacional. Esse programa certifica e reconhece os produtores cooperados que atendem aos critérios de avaliação nos aspectos ambientais, sociais e econômicos. Ao longo de mais de 20 anos de atuação, o PRSA já certificou centenas de empresas rurais, estabelecendo um padrão elevado de práticas sustentáveis. Dentro desse programa, utilizamos checklist avaliativos que monitoram os indicadores de bem-estar animal, abrangendo não apenas os animais de produção, mas todos os animais presentes nas propriedades rurais. Essa abordagem ampla reforça nosso compromisso com a promoção do bem-estar animal em todas as etapas da produção.
